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Dedico este texto para todas as pessoas que têm coragem de dar o primeiro vestido azul.

 

O Vestido Azul (do livro “Novas Estórias ao Entardecer”, de William Netto Candido)

Num bairro pobre de uma cidade distante, morava uma garotinha muito bonita. Ela frequentava a escola local. Sua mãe não tinha muito cuidado e a criança estava quase sempre suja. Suas roupas eram muito velhas e maltratadas. O professor ficou penalizado com a situação da menina.

– Como é que uma menina tão bonita pode vir para a escola tão mal arrumada?

Separou algum dinheiro do seu salário e, embora com dificuldade, comprou-lhe um vestido novo.

Ela ficou linda no vestido azul. Quando a mãe viu a filha naquele lindo vestido azul, sentiu que era lamentável que sua filha, vestindo aquele traje novo, fosse tão suja para a escola. Por isso, passou a dar-lhe banho todos os dias, pentear seus cabelos e cortar suas unhas.
Quando acabou a semana, o pai falou:

– Mulher, você não acha uma vergonha que nossa filha, sendo tão bonita e bem arrumada, more em um lugar como este, caindo aos pedaços? Que tal você ajeitar a casa? Nas horas vagas, eu vou dar uma pintura nas paredes, consertar a cerca e plantar um jardim.

Logo depois, a casa se destacava na pequena vila, pela beleza das flores que enchiam o jardim e o cuidado com todos os detalhes. Os vizinhos ficaram envergonhados por morar em barracos feios e resolveram, também, arrumar as suas casas, plantar flores, usar pintura e criatividade.

Em pouco tempo, o bairro todo estava transformado. Um homem, que acompanhava os esforços e a luta daquela gente, pensou que eles bem mereciam um auxílio das autoridades. Foi ao prefeito, expôs suas ideias e saiu de lá com autorização para formar uma comissão, a fim de estudar os melhoramentos que seriam necessários ao bairro.

A rua de barro e lama foi substituída por asfalto e calçadas de pedra. Os esgotos a céu aberto foram canalizados e o bairro ganhou ares de cidadania.

E tudo começou com um vestido azul. Não era a intenção daquele professor consertar toda a rua, nem criar um organismo que socorresse o bairro. Ele fez o que podia, deu a sua parte. Fez o primeiro movimento, que acabou fazendo com que outras pessoas se motivassem a lutar por melhorias.

Será que cada um de nós está fazendo a sua parte no lugar em que vive?

Por acaso, somos daqueles que somente apontamos os barracos da rua, as crianças sem escola e a violência do trânsito?

Lembremos que é difícil mudar o estado total das coisas. Que é difícil limpar toda a rua, mas é fácil varrer a nossa calçada. É difícil reconstruir um planeta, mas é possível dar um vestido azul.

Há moedas de amor, que valem mais do que os tesouros bancários, quando endereçadas no momento próprio e com bondade.

Você acaba de receber um lindo vestido azul!

Faça a sua parte!

O amor contagia e transforma tudo em sua volta.
Ame, mas ame muito.
E, como num passe de mágica, tudo será azul.

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